Estamos à Beira de uma Nova Extinção em Massa? A Ciência Diz Que Sim!
O alerta veio de um dos maiores especialistas do mundo
Hugh Montgomery, um dos autores do renomado Relatório de 2024 sobre Saúde e Mudanças Climáticas, publicado na prestigiada revista científica The Lancet, fez um alerta contundente: se não mudarmos urgentemente nossa relação com o meio ambiente, a Terra pode sofrer uma nova extinção em massa. E isso não é uma previsão distante — o colapso pode começar a ser sentido nas próximas décadas.
O pesquisador abriu a programação do Forecasting Healthy Futures Global Summit, evento internacional realizado no Rio de Janeiro no início de abril. O local do encontro não foi escolhido por acaso: o Brasil também sediará a COP 30, em novembro, na cidade de Belém (PA). Portanto, o país está no centro das discussões globais sobre o clima.

Um cenário semelhante ao do Período Permiano
Montgomery comparou o que vivemos hoje com o Período Permiano, ocorrido entre 299 e 251 milhões de anos atrás, quando cerca de 90% das espécies desapareceram por conta de transformações climáticas severas. Na época, a Terra passou por um aumento expressivo de temperatura, causado principalmente pela liberação de gases nocivos à atmosfera. Agora, a história parece se repetir.
Em 2024, atingimos a marca histórica de 1,5ºC acima da média da era pré-industrial — um número que, embora pareça pequeno, tem implicações devastadoras. De acordo com dados da Agência Brasil, se continuarmos nesse ritmo, o aumento da temperatura poderá atingir 2,7ºC até o ano de 2100.
Se o planeta alcançar 3ºC de aquecimento, o impacto será catastrófico: milhares de espécies animais e vegetais deixarão de existir, alterando profundamente os ecossistemas, a agricultura e, principalmente, a vida humana.
A extinção já começou — e nós somos os responsáveis
Para Montgomery, não estamos diante de uma ameaça futura, mas de um processo já em curso. A concentração de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera não apenas segue em alta, como está crescendo em um ritmo cada vez mais alarmante.
Além disso, ele chama atenção para outro vilão climático: o metano. Embora seja menos conhecido pelo público geral, o metano tem um potencial de aquecimento 83 vezes maior que o CO₂. Emissões de metano vêm de fontes como a pecuária, aterros sanitários e vazamentos em operações de gás natural. Seu impacto, porém, é muito mais imediato.
Montgomery ressalta que somos os causadores dessa crise. As atividades humanas, especialmente o uso de combustíveis fósseis, a industrialização descontrolada e o desmatamento em larga escala, estão empurrando a Terra para um ponto de não retorno.
As consequências serão sentidas em breve
Um dos pontos mais alarmantes da fala de Montgomery foi a previsão do colapso das camadas de gelo no Ártico, mesmo com um aumento temporário de temperatura entre 1,7°C e 2,3°C. Esse derretimento pode desacelerar a Circulação Meridional do Atlântico, um sistema que regula o clima em todo o planeta.
Se esse sistema enfraquecer, o mundo inteiro enfrentará mudanças bruscas no clima. Além disso, o nível dos oceanos pode subir vários metros, inundando cidades litorâneas e provocando ondas de migração em massa.
O cientista destaca que essas transformações não acontecerão em um futuro distante. Ao contrário, os impactos mais severos devem surgir nos próximos 20 a 30 anos. Isso significa que a nossa geração ainda verá as consequências — e talvez nem precise esperar muito.
Adaptação não é suficiente: precisamos cortar emissões agora
Durante o evento, Montgomery enfatizou que, embora pensar em medidas de adaptação seja importante, isso não resolve o problema na raiz. Construir cidades mais resistentes, instalar sistemas de resfriamento e preparar a infraestrutura para climas extremos são medidas urgentes, sim. Porém, ele faz um alerta claro: não adianta aliviar os sintomas sem tratar a causa.
Segundo o especialista, a única saída real é uma redução drástica e imediata nas emissões de gases de efeito estufa. O futuro da humanidade depende disso.
A tecnologia como aliada — mas também como vilã
Neste ponto, a reflexão para o público de tecnologia se faz necessária. Em um mundo cada vez mais digital, a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para a sustentabilidade. Soluções como energia solar, veículos elétricos, inteligência artificial para gestão ambiental e sistemas de monitoramento climático estão ganhando espaço.
Contudo, o setor também tem sua parcela de responsabilidade. O alto consumo energético de data centers, a mineração de criptomoedas e a obsolescência programada de dispositivos eletrônicos são práticas que contribuem para o agravamento da crise.
Portanto, é essencial que a inovação tecnológica seja usada com consciência ambiental. O futuro dos negócios digitais e da tecnologia verde depende de decisões tomadas hoje.
Impactos econômicos também serão devastadores

Montgomery também trouxe uma estimativa assustadora: a economia global pode encolher 20% ao ano a partir de 2049, o que equivale a cerca de US$ 38 trilhões perdidos anualmente. Um número que, por si só, já seria motivo suficiente para tratar a crise climática com seriedade máxima.
Imagine o impacto disso em setores como o agronegócio, energia, transportes, turismo e, claro, tecnologia. Empresas e países inteiros poderão entrar em colapso econômico caso nada seja feito agora.
Ainda dá tempo?
A pergunta que não quer calar: ainda podemos evitar o pior? A resposta é sim — mas o tempo está se esgotando rapidamente.
Cada grau a mais importa. Cada tonelada de CO₂ que deixamos de emitir conta. E cada decisão tomada por governos, empresas e indivíduos faz diferença.
Portanto, se você trabalha com tecnologia, consome produtos digitais ou se preocupa com o futuro da humanidade, esse é o momento de agir. A mudança climática não é um problema de amanhã. Ela já está batendo à nossa porta.
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