Tarifa de 125% para China: Trump endurece de um lado e flexibiliza de outroTarifa de 125% para China: Trump endurece de um lado e flexibiliza de outroTarifa de 125% para China: Trump endurece de um lado e flexibiliza de outro

A guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo ganhou novos contornos nesta quarta-feira (9). Em uma publicação impactante na Truth Social, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma nova rodada de tarifas que promete redesenhar as dinâmicas do comércio global. A China, seu principal alvo, agora enfrenta uma tarifa de 125% sobre todos os produtos exportados para os EUA. Ao mesmo tempo, Trump sinalizou abertura ao diálogo ao reduzir, temporariamente, as tarifas aplicadas a outros países.

Uma retaliação direta à China

Trump não mediu palavras: “Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato”. A frase, publicada em seu perfil oficial, é mais do que uma medida comercial — trata-se de uma declaração política que reforça sua postura firme diante da crescente tensão econômica entre as duas nações.

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Essa nova tarifa chega poucos dias após os EUA já terem elevado a taxa sobre produtos chineses para 104%. A resposta de Pequim veio rápida: a China também subiu suas tarifas, aplicando 84% sobre os produtos norte-americanos. Em um movimento que lembra o auge da guerra comercial de 2018-2019, os dois países parecem determinados a sustentar essa disputa até seus limites.

A escalada das tarifas em detalhes

Para compreender melhor a progressão dessa guerra tarifária, é importante observar os marcos mais recentes:

  • Em 2 de abril, Trump revelou uma nova tabela de tarifas cobradas de mais de 180 países e regiões, com alíquotas variando de 10% a 50%.
  • As tarifas menores, voltadas para parceiros comerciais menos problemáticos, começaram a valer em 5 de abril.
  • As tarifas mais altas, destinadas aos países com os quais os EUA têm déficit comercial significativo, entraram em vigor nesta quarta-feira (9).
  • A China, que já enfrentava uma alíquota de 20%, recebeu mais um aumento de 34%, totalizando inicialmente 54%.
  • Após retaliar com tarifas extras de 34%, a China passou a ser alvo de mais um aumento, totalizando uma tarifa acumulada de 104%.
  • Com o novo anúncio de Trump, esse número salta agora para 125%.

Uma pausa estratégica para o resto do mundo

Enquanto endurece com a China, Trump parece suavizar sua abordagem com outros países. Em sua publicação, o republicano declarou: “Autorizei uma pausa de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato”.

Segundo o presidente, essa decisão foi tomada após mais de 75 países solicitarem reuniões com representantes dos EUA, incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e o USTR (escritório responsável pelo comércio exterior). A ausência de retaliações por parte desses países também pesou na escolha do governo norte-americano.

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Com isso, Trump dá um sinal claro: a guerra comercial não será generalizada, mas seletiva. Enquanto a China é tratada como adversária, outros países encontram espaço para o diálogo. Isso pode abrir oportunidades para que novas alianças comerciais surjam, principalmente entre países da União Europeia, América Latina e sudeste asiático.

As motivações por trás da decisão

A retórica de Trump tem sido consistente desde sua primeira campanha presidencial: proteger a economia norte-americana e reduzir o déficit comercial. Ao alegar que a China explora os mercados internacionais e os EUA, ele mobiliza uma base nacionalista preocupada com a perda de empregos industriais e com a dependência de produtos estrangeiros.

Além disso, em um ano eleitoral, medidas duras contra a China funcionam como estratégia para reforçar sua imagem de liderança forte. É importante lembrar que a política comercial sempre foi uma das bandeiras mais visíveis do ex-presidente.

Como o mercado tecnológico pode ser afetado

Para o setor de tecnologia, as implicações são enormes. Muitos produtos eletrônicos, peças e componentes fundamentais são fabricados na China. Um aumento de 125% nas tarifas deve impactar diretamente os custos de produção de empresas norte-americanas — e, consequentemente, os preços para o consumidor final.

Empresas como Apple, Intel e Nvidia podem ser obrigadas a rever seus processos logísticos. Ou migram suas fábricas para outros países asiáticos, como Vietnã e Índia, ou enfrentam perdas significativas de competitividade. A Apple, por exemplo, já vem testando uma transição gradual de sua produção para fora da China desde 2020, movimento que agora pode ganhar força.

A resposta chinesa: firme e rápida

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Pequim não deixou barato. Anunciou, também nesta quarta-feira, uma tarifa de 84% sobre produtos importados dos EUA, com início previsto já para quinta-feira (10).

A China afirmou estar pronta para “revidar até o fim”, sinalizando que não pretende ceder à pressão norte-americana. Esse tipo de resposta alimenta a incerteza global e pode provocar instabilidade nos mercados financeiros — algo já observado nas bolsas de valores com quedas significativas em setores como tecnologia e manufatura.

Possíveis consequências globais

Com essa escalada, o mundo pode enfrentar um novo ciclo de desaceleração econômica. O aumento das tarifas implica menor fluxo de mercadorias, menor produção e mais custos operacionais. Países emergentes, que dependem do equilíbrio entre China e EUA, podem sofrer os efeitos indiretos.

Além disso, os consumidores norte-americanos provavelmente sentirão no bolso o impacto dessas medidas. Produtos eletrônicos, eletrodomésticos e itens do dia a dia devem ficar mais caros nas prateleiras.

E agora? O que esperar daqui para frente

Nos próximos 90 dias, os olhos do mundo estarão voltados para as negociações entre os EUA e os países que aproveitaram a janela aberta por Trump. Essa “pausa” de três meses representa uma chance para redefinir acordos comerciais e, talvez, evitar uma guerra tarifária ainda mais ampla.

Por outro lado, se a China mantiver sua postura e Trump decidir continuar aumentando as tarifas, os efeitos negativos para a economia global podem se intensificar. Investidores, empresários e consumidores devem se preparar para meses de volatilidade e mudanças rápidas nas regras do jogo.

Conclusão

O novo capítulo da guerra comercial entre EUA e China representa mais do que uma disputa econômica. É uma batalha por influência, poder e protagonismo global. Trump, ao impor uma tarifa de 125% contra a China, lança uma mensagem clara ao mundo: os Estados Unidos estão dispostos a tudo para proteger seus interesses.

No entanto, ao oferecer redução temporária para outros países, também demonstra que nem todas as portas estão fechadas. Para o setor tecnológico, o momento exige estratégia, adaptação e, acima de tudo, rapidez. As empresas que conseguirem se ajustar à nova realidade terão vantagem competitiva nos próximos anos.

O cenário continua incerto, mas uma coisa é certa: estamos diante de um ponto de inflexão que pode moldar o comércio internacional para a próxima década.

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